sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

E ALI ESTAVA ELA

*
E ali ela estava,
divinamente humanizada,
num deserto de níveas flores.

Sob os seios, tapete de beijos,
tecido por homens em agonia.
Junto à boca um ricto apático,
repleto de rugas esquivas, ferinas.

Olhei-a devagar,
uma infinidade de coxas,
os olhos lânguidos
de uma figura etérea.

Compreendi seu suplício
e me deixei sujeitar como tantos outros.

Ah! mas, como me agradava
sua voz envolvente,
enredadeira de ópio
e pensamentos...

E ali estava ela,
humanamente divinizada,
com um espelho de folhas de nogueira tenra.


Ana Muela Sopeña
Tradução ao português: Damião Cavalcanti


*****

Y ALLÍ ESTABA ELLA

Y allí estaba ella
divinamente humanizada
en un desierto de flores níveas.

Bajo los senos alfombra de besos
tejida por hombres en agonía.
Junto a la boca un rictus apático
repleto de arrugas esquivas, hirientes.

La miré despacio
infinitud sus muslos,
los ojos lánguidos,
la figura etérea.

Comprendí su suplicio
y me dejé subyugar
como uno de tantos.

Ah! pero cómo gozaba
de su voz envolvente;
enredadera de opio
y pensamientos.

Y allí estaba ella
humanamente divinizada
con un espejo de hojas de nogal tierno.


Ana Muela Sopeña

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